Incêndio afeta meio ambiente em Santos |
O acidente aconteceu entre os dias dois e nove de abril, com a queima de combustíveis dos tanques da companhia brasileira, que é responsável principalmente, pela estocagem de produtos químicos, petroquímicos, etanol e óleo vegetal. As causas do incêndio ainda são desconhecidas.
A consequência ambiental gerada inicialmente foi a morte de dez toneladas de peixes, causada pela queda do nível de oxigênio da água, efeito da contaminação por produtos químicos ou a alta temperatura, que saturou o oxigênio do rio. Além disso, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) classificou como ruim a qualidade do ar na região do incidente.
De acordo o zoólogo e especialista em manguezais e estuários Marcelo Pinheiro, que é professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) – Campus São Vicente, o ecossistema de Santos foi afetado em grande proporção.
“Nós tivemos impactos na água, do sistema estuarino, manguezais, ao sedimento, e na atmosfera. As consequências são de grande magnitude e um dos resultados imediatos foi a morte de um grande número de peixes e a contaminação da fauna e flora.”
A população de Santos também sofreu reflexos do acidente, cerca de 140 pessoas que vivem exclusivamente da pesca artesanal estão sem trabalho. A fumaça formada pela queima dos combustíveis tem gerado problemas de saúde para aqueles que vivem próximo a empresa, como sinusite, rinite até casos mais graves de bronquite, comprometimento dos alvéolos do pulmão e infecção por causa das impurezas do ar.
Apesar de ainda não haver um laudo com as informações de todas as complicações geradas pela ocorrência, a expectativa é que os prejuízos ambientais permaneçam por um longo período. É o que afirma a engenheira civil e ambiental, Zildete Prado.
"O impacto ambiental no local é de no mínimo dez anos. Por mais que a região já esteja degradada, o restante dos resíduos químicos vai ser levado pela maré até a baia; como a área do acidente é estreita pode influenciar também a área continental, gerando impactos a longo prazo que ainda não dá pra ter certeza do que vai acontecer.”
Um dos principais motivos que dificulta a especulação de todos os danos causados pela ocorrência é o ecossistema aberto, pois os animais imigrando e transitando entre os ambientes. Para o biólogo Eduardo Nunes, o estudo da cadeia alimentar é essencial para entender em quanto tempo o meio ambiente demorará para se restaurar.
“Não dá para ter certeza do tamanho do prejuízo por causa da cadeia alimentar, tudo tem que ser estudado, pois a contaminação é passada para cada nível trófico. Os animais que morreram saem deste ciclo, mas os que permaneceram vivos passam a contaminação adiante. A longo prazo você tem microrganismo contaminados na cadeia alimentar, então as consequência vai se efetivar nos próximo meses, as vezes até décadas para o ecossistema se recuperar.”
Multa
A Cetesb aplicou uma multa de R$ 22,5 milhões para Ultracargo. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, a penalidade foi aplicada pois a empresa provocou danos ambientais e colocou a população em risco com o incêndio na zona industrial de Santos.
A Secretaria ainda irá cobrar da empresa brasileira, a contratação de uma empresa especializada para fazer o resgate e atendimento emergencial da fauna local e o monitoramento de todo o ecossistema, com apresentação de cronograma de atividades, projeto de translocação e eutanásia, e aprovação do Departamento de Fauna da Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais, órgão da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, e da Polícia Ambiental, para o deslocamento das espécies que ainda poderão sofrer impacto após o incêndio.
Em nota, a Ultracargo confirma que recebeu a autuação da Cetesb e irá avaliar o documento, suas exigências e responderá à autoridade dentro de um prazo de 30 dias.
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