segunda-feira, 11 de maio de 2015

Incêndio afeta meio ambiente em Santos
Especialistas apontam que os impactos ambientais causados pelo incêndio na empresa Ultracargo, no Terminal da Alemoa em Santos podem permanecer no mínimo dez anos.

O acidente aconteceu entre os dias dois e nove de abril, com a queima de combustíveis dos tanques da companhia brasileira, que é responsável principalmente, pela estocagem de produtos químicos, petroquímicos, etanol e óleo vegetal. As causas do incêndio ainda são desconhecidas.

A consequência ambiental gerada inicialmente foi a morte de dez toneladas de peixes, causada pela queda do nível de oxigênio da água, efeito da contaminação por produtos químicos ou a alta temperatura, que saturou o oxigênio do rio. Além disso, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) classificou como ruim a qualidade do ar na região do incidente.

De acordo o zoólogo e especialista em manguezais e estuários Marcelo Pinheiro, que é professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) – Campus São Vicente, o ecossistema de Santos foi afetado em grande proporção.

“Nós tivemos impactos na água, do sistema estuarino, manguezais, ao sedimento, e na atmosfera. As consequências são de grande magnitude e um dos resultados imediatos foi a morte de um grande número de peixes e a contaminação da fauna e flora.”

A população de Santos também sofreu reflexos do acidente, cerca de 140 pessoas que vivem exclusivamente da pesca artesanal estão sem trabalho. A fumaça formada pela queima dos combustíveis tem gerado problemas de saúde para aqueles que vivem próximo a empresa, como sinusite, rinite até casos mais graves de bronquite, comprometimento dos alvéolos do pulmão e infecção por causa das impurezas do ar.

Apesar de ainda não haver um laudo com as informações de todas as complicações geradas pela ocorrência, a expectativa é que os prejuízos ambientais permaneçam por um longo período. É o que afirma a engenheira civil e ambiental, Zildete Prado.

"O impacto ambiental no local é de no mínimo dez anos. Por mais que a região já esteja degradada, o restante dos resíduos químicos vai ser levado pela maré até a baia; como a área do acidente é estreita pode influenciar também a área continental, gerando impactos a longo prazo que ainda não dá pra ter certeza do que vai acontecer.”

Um dos principais motivos que dificulta a especulação de todos os danos causados pela ocorrência é o ecossistema aberto, pois os animais imigrando e transitando entre os ambientes. Para o biólogo Eduardo Nunes, o estudo da cadeia alimentar é essencial para entender em quanto tempo o meio ambiente demorará para se restaurar.

“Não dá para ter certeza do tamanho do prejuízo por causa da cadeia alimentar, tudo tem que ser estudado, pois a contaminação é passada para cada nível trófico. Os animais que morreram saem deste ciclo, mas os que permaneceram vivos passam a contaminação adiante. A longo prazo você tem microrganismo contaminados na cadeia alimentar, então as consequência vai se efetivar nos próximo meses, as vezes até décadas para o ecossistema se recuperar.”

Multa

A Cetesb aplicou uma multa de R$ 22,5 milhões para Ultracargo. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, a penalidade foi aplicada pois a empresa provocou danos ambientais e colocou a população em risco com o incêndio na zona industrial de Santos.

A Secretaria ainda irá cobrar da empresa brasileira, a contratação de uma empresa especializada para fazer o resgate e atendimento emergencial da fauna local e o monitoramento de todo o ecossistema, com apresentação de cronograma de atividades, projeto de translocação e eutanásia, e aprovação do Departamento de Fauna da Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais, órgão da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, e da Polícia Ambiental, para o deslocamento das espécies que ainda poderão sofrer impacto após o incêndio.

Em nota, a Ultracargo confirma que recebeu a autuação da Cetesb e irá avaliar o documento, suas exigências e responderá à autoridade dentro de um prazo de 30 dias.

0 comentários:

Postar um comentário

Fofocas

Nome

E-mail *

Mensagem *

Ibope

Tecnologia do Blogger.

Clube dos quê?

Os jornalistas recém-formados costumam ser chamados de "focas" pelos colegas da área. Este blog de reportagens autorais é justamente um dos caminhos para nós, estudantes de jornalismo do 7º semestre da Universidade Nove de Julho, chegarmos lá. Sob orientação do professor Eduardo Natário, disciplina de Produtos Jornalísticos I.

Postagens Populares

Editorias